Pesquisar este blog

terça-feira, 12 de abril de 2011

O que não te contaram na entrevista

Não faz muito tempo, participei de um processo seletivo. A vaga não era pra mim, eu estava do outro lado da mesa, ou seja, entrevistando.


Como era de costume, na sala sempre havia alguém da área de RH e outras pessoas (normalmente 2) da área 'técnica'. Por área técnica entenda: aquele pentelho que fica arrumando perguntas capciosas para fazer para pegar o entrevistado no contrapé e deixá-lo ainda mais nervoso e incapaz de conjugar o verbo tobé.

Neste dia específico um fato me chamou a atenção, depois de todos os artifícios técnicos e comportamentais para traçar o perfil do candidato e identificar se o mesmo seria uma boa 'aquisição' para o time da empresa, bem, chegou a hora do candidato falar, ou melhor, perguntar.

Obviamente que o candidato sempre procura fazer uma pergunta inteligente, sobre a estratégia de crescimento da empresa, perspectivias futuras, carreira, mas, no final das contas ele também queria muito saber a parte 'prática' da coisa. Traduzindo, os benefícios oferecidos pela empresa.

Se bem que para este quesito, benefícios, o candidato não precisava fazer muita força já que o pessoal de recursos humanos já vinha 'armado' para fornecer um arsenal de itens:
- vale alimentação (o das compras no supermercado)
- ticket refeição (ou, vale coxinha como é vulgarmente conhecido)
- cooperativa de crédito (juros módicos, facilidade de crédito consignado)
- ginástica laboral (para esticar o esqueleto antes do expediente)
- plano de saúde, odontológico, seguro de vida, blá, blá, blá

A lista realmente era interessante e seguia as boas práticas do mercado. Pois bem, mas isso tudo foi "O que te contaram na entrevista", agora, e o que não te contaram? Você já descobriu?

Voltando para a entrevista, vou dizer o que me ocorreu quando a 'moça' do RH terminou de falar a lista de benefícios. Naquele momento pensei na seguinte frase: "Mas, para conseguir tudo isso você tem que trabalhar, hein!!!". E, como o momento era oportuno já que aquela pessoa sendo entrevistada poderia vir a ser um dos recursos de meus projetos, bem, acabei pensando mais alto e deixando todos saberem o que tinha pensado. Claro, em tom de brincadeira para não pegar mal.

Por mais que fosse verdade, não era exatamente uma prática reforçar os Deveres do potencial futuro colaborador da organização. Os Direitos (benefícios), estes sim, lidos em alto e bom som.

Passados x meses, ou y anos (não sei exatamente quanto tempo faz e nem mesmo quem era exatamente o candidato) fiquei imaginando qual seria a sua resposta a seguinte pergunta: "O que não te contaram na entrevista?" Ou seja, quais os deveres que ficaram escritos nas 'letras miúdas' (iguais as das propagandas de carro na TV por preços inacreditáveis.... até que se leia as letras minúsculas).

Vou então, imaginar as potenciais respostas de alguém que tivesse sido contratado para ser Gerente de Projeto Jr (isto é, início de carreira). São elas:
- Ninguém me falou que aqui todos sabem muito bem quais são seus direitos, mas, seus deveres, nem tanto.
- Não me falaram que eu também teria muitos deveres.
- Que eu teria que matar um leão por dia para conseguir uma promoção, disso eu já sabia. Agora, que para isso precisaria da autorização do orgão competente de proteção à fauna, assinado em 17 vias, e que o processo todo levava entre 2 e 3 meses (se tudo estivesse correto), bem, isso ninguém enfatizou. Além disso, que isso iria (matar leões) ia contra a consciência ecológica da empresa.
- Que embora tivéssemos horário flexível, as reuniões eram sempre marcadas na primeira hora de trabalho, já que os stakeholders principais eram do tipo workaholic e que, como tinham que deixar as crianças na escola, já aproveitavam a viagem e vinham para a empresa. Ou seja, nada de chegar mais tarde ao trabalho.
- Que o refeitório, bem, é um refeitório, e não um restaurante internacional que serve sempre aquilo que você está desejando comer em cada dia.
- Que durante as tão desejadas ferias você teria que atender ao telefone pra resolver problemas.
- Que você tem que seguir um processo (mesmo que com defeitos) para garantir a aderência à certificação da empresa. E que, para mudar o processo existe um processo (também com defeitos).
- e por aí vai.... use a imaginação (ou sua experiência) ....



Então, já parou pra pensar em tudo o que é que não te contaram? Aquelas coisinhas que estavam na 'caixa de Pandora'.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aimi nóti dógui nou

Isso mesmo, I'm not dog no, embora às vezes fique na dúvida.

Por que? Bem, para que você entenda perfeitamente este sentimento, de marido traído, vou criar uma situação que talvez lhe seja familiar.

Reuniões de acompanhamento de projeto podem ser diárias, semanais ... mensais. Indo do acompanhamento sistemático e que pode beirar ao sistema TeleSena (de hora em hora), até a mais inútil e perfeita verificação de autópsia (quando leva tanto tempo pra verificar o status do projeto que não adianta mais, a vaquinha, coitada, já foi para o brejo).

Entretanto, independentemente da frequência com que estas reuniões acontecem, não é incomum verificar que nas 'n' reuniões anteriores o status estava Verde e, subta e "inesperadamente" foi para o vermelho 'bordô' (traduzindo, é assim um vermelho, bem vermelho, 'vermelho com força' mesmo, entende?!).

Neste momento, é possível que todos (ou pelo menos muita gente, excluindo você) já sabiam que o reloginho de status estava engripado, e você, o 'marido traído' da história, que foi o último a saber, ganhou o direito a apanhar 'que nem' cachorro de rua dos stakeholders principais (sponsor, cliente, etc.). Com direito a ponto negativo no prontuário.

Como é que se resolve isso? Bem, faltou mencionar que o projeto em questão é um projeto de software, não de uma casa, onde você pelo menos 'vê' a evolução (muito embora, por exemplo, vazamentos não sejam percebidos até se usar efetivamente as instalações).

Integração contínua? É, parece uma boa opção. Mas, se os testes contínuos que são realizados forem do tipo 'pra inglês ver', não vai adiantar muito e os relatórios, novamente, todos na cor verde musgo (o 'verde com força', com dose extra de clorofila).

Chicote? Também me ocorreu esta ideia. Algumas chibatadas bem encaixadas deveriam surtir efeito. Mas o pessoal dos direitos humanos e do RH da empresa não iriam aprovar. É, melhor pensar em outra coisa.

Empalação? Nem pensar.... o pessoal da época medieval é que se divertia.

Comprometimento parece ser a palavra de ordem. Mas, como consegui-lo? E, especialmente, como avaliar se o tem?
Mas também é preciso considerar a hipótese de que todos estão comprometidos e empenhados, entretanto, não possuem as habilidades necessárias (ou no grau desejado) para avaliar o andamento das atividades. Isto é, o report está 'correto', só que a 'escala' utilizada é que está errada (ou, o grau de precisão da avaliação é muito baixo).

Metas? Resultados? Avaliação 360o? Claro! Tudo importante, necessário e até mesmo eficaz em várias situações. Mas, tudo isso é ação do tipo 'post mortem', ou seja, quando você consegue avaliar o projeto já terminou (ou está dando problemas) e os riscos já se tornaram dores de cabeça faz tempo.

Resumindo, é preciso antecipar ações, antever situações e agir pro-ativamente. Ação e não reação!

Depois de toda esta argumentação, fica faltando a 'cereja do bolo', o 'pulo do gato', aquela dica sensacional, o 'super trunfo' que resolve tudo. Bem, se fosse um jogo de poker, bastava ter um Royal Straight Flush, ou então, no truco, era só ter o casal maior, e pronto. Tudo resolvido e ninguém (além dos adversários) sairia ferido.

Vou pensar no assunto, ver se resolvo, ou pelo menos, penso em um 'dummy guide'. Não posso prometer mais do que empenho. Enquanto isso, deixe as antenas ligadas e vale a máxima "Plan for the worst and hope for the best" que, traduzo 'literalmente' por: "Güenta as ponta que sempre vem chumbo du grossu pru seu ladu!"